Nos últimos tempos, o termo ESG (Environmental, Social and Governance) —ou, em português, ASG (Ambiental, Social e Governamental)— tem ganhado grande visibilidade.
Incorporado por diferentes organizações, sejam elas públicas ou privadas, o ESG marca um novo modelo de atuação a partir do qual os critérios ambientais, sociais e de governança passam a ser incorporadas como um pilar estratégico para as políticas públicas ou para os negócios.
A ideia é que todas as análises, decisões de investimentos e iniciativas concretas sejam implementadas com o objetivo de minimizar os danos ambientais, gerar benefícios sociais e tenham por base processos transparentes e auditáveis.
O ESG não parece ser uma coisa da moda, especialmente porque os seus impactos financeiros já são há muito sentidos. Segundo relatório da PwC, até 2025, 57% dos ativos de fundos mútuos na Europa estarão em fundos que consideram os critérios ESG para qualquer investimento realizado, o que representa US$ 8,9 trilhões. Além disso, 77% dos investidores institucionais pesquisados pela PwC disseram que planejam parar de comprar produtos não ESG nos próximos dois anos.
No Brasil, fundos ESG captaram R$ 2,5 bilhões em 2020 —mais da metade deste valor oriundo de fundos que foram criados nos últimos 12 meses, segundo a Morningstar e a Capital Reset.
A pressão por adotar práticas ESG também tem surgido por parte de consumidores e cidadãos que estão cada vez mais preocupados com a origem do produto, as condições de sua manufatura, a gestão de resíduos, de embalagens, bem como com as relações que se estabelecem entre os diferentes atores de uma cadeia de produção.
A agenda de sustentabilidade caminha a passos largos mas, à medida que este passa a ser um assunto a ser trabalhado por muitos, fica também evidente que as pessoas, especialmente as lideranças, não estão preparadas para entender o desafio e tomar decisões informadas, baseadas em evidências e com o uso de tecnologias e inovação.
O chamado green digital skill gap, ou déficit de habilidades verdes e digitais, é uma realidade em diversos países e setores. Como aponta a Apolitical, por exemplo, 80% dos servidores públicos em todo o mundo não possuem os conhecimentos e competências necessários para enfrentar o desafio da mudança climática. Trabalhar o fortalecimento de lideranças e garantir que todas as pessoas possam implementar ações na agenda ESG de maneira informada deve ser uma preocupação de primeira ordem.
Pensando nisso, Insper e Columbia Global Centers Rio lançaram nas últimas semanas o programa "GovTech Fellows: Inovação e Tecnologia para Lideranças do Desenvolvimento Sustentável", iniciativa apoiada pelo BrazilLAB. O curso é voltado para lideranças de órgãos públicos, de organizações não governamentais e de govtechs (startups que oferecem soluções tecnológicas para governos), e tem por objetivo aprofundar conhecimentos para o desenvolvimento de projetos de inovação na agenda de sustentabilidade, com foco em meio ambiente e redução de desigualdades sociais.
A iniciativa traz uma contribuição inédita e estratégica porque combina três elementos primordiais: a visão global e local do problema, o que há de mais avançado em termos de conteúdo sobre sustentabilidade socioambiental, e o compromisso em formar uma turma de alunos diversa, inclusive, regionalmente.
Isso porque serão concedidas até 30 bolsas de estudos de até 100% —incluindo também ajuda de custo para o módulo presencial, em São Paulo— para candidatos(as) oriundos(as) das regiões Norte e Nordeste do país e que atuam no setor público. Há também outras modalidades de apoio, com bolsas de 50% a 75% do valor total do curso.
As inscrições estarão abertas até o dia 8 de dezembro de 2022, ou até o preenchimento das 30 vagas. As candidaturas e os pedidos de bolsa serão avaliados de maneira contínua pelo comitê de seleção, formado por representantes do Insper, do Columbia Global Center Rio e das fundações parceiras, com anúncios de resultados até janeiro de 2023.
O curso conta com docentes da Universidade de Columbia e do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper, tendo sido construído com o apoio da Fundação Brava, Instituto Humanize e Instituto Arapyaú, organizações da sociedade civil que se dedicam à atuação na agenda de sustentabilidade. Iniciativas como o GovTech Fellows contribuem estrategicamente para realizarmos algo que, do meu ponto de vista, é da mais alta importância: formar lideranças verdes, ou seja, pessoas convencidas de que a mudança climática é uma ameaça existencial, urgente e grave, que somente poderá ser combatida com o compromisso efetivo de toda a sociedade e com o uso de soluções inovadoras e transformacionais.
Fonte:
Letícia Piccolotto
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