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Líderes mundiais Jeremy Oppenheim e Sanda Ojiambo no evento Cidadão Global
Líderes mundiais Jeremy Oppenheim e Sanda Ojiambo no evento Cidadão Global

A sigla ESG, acrônimo do inglês ambiental, social e governança corporativa, caiu na graça das empresas para indicar mudanças necessárias nos negócios. Porém, para o economista e cofundador da Systemiq, Jeremy Oppenheim, da consultoria Systemiq, e a CEO do Pacto Global das Nações Unidas, Sanda Ojiambo, o ESG é apenas um framework e o que vai mudar o jogo para uma nova economia mais inclusiva, com base em cooperação e mais sustentável ambientalmente é a mudança de mentalidade dos líderes das organizações e a chegada no conselho de administração e C-level de pessoas com diferentes experiências e vivências.

“Acredito que a agenda para chegarmos ao futuro é deixar de operar da maneira como viemos operando até agora. É uma nova e diferente conversa de negócios da que estamos acostumados”, diz Oppenheim durante o bate-papo final do evento Cidadão Global, promovido pelo Valor e Santander nesta quinta-feira (8).

Ele comenta que está cada vez mais claro que as crises que o mundo tem enfrentado, entre elas a crise de energia na Europa, a inflação de alimentos, a quebra da cadeia de suprimentos mundial, a guerra da Ucrânia e Rússia e a própria pandemia, são consequências de falhas que têm suas raízes na maneira como a economia global opera.

“A economia global opera em uma base extrativista e não dá tempo para o processo de regeneração. Se mantermos a forma de fazer as coisas, seguiremos destruindo valor de capital no futuro e não criando valor ao capital no futuro”, afirma Oppenheim.

Ele critica em especial a economia baseada em combustíveis fósseis como insustentável em um ambiente que precisa não apenas reduzir as emissões de poluentes para atingir as metas do Acordo de Paris, mas também para trazer desenvolvimento econômico.

Ele destaca que o Brasil é o país com maior potencial de ser o primeiro a se tornar net zero em emissões poluentes. Isso porque mais da metade da matriz energética local é renovável.

Ele destaca que é importante também mudar quem está na liderança das empresas para fazer negócios de outra forma.

“Se quisermos construir uma economia diferente, onde estamos aprendendo em como ser líderes colaborativos, minha hipótese é que precisamos achar os próximos líderes em lugares diferentes dos que achamos os anteriores. O mesmo para background, precisamos de líderes com diferentes experiências e vivências”, comenta o executivo, destacando que não apenas mais mulheres, mas mais pessoas diversas precisam ascender à liderança de empresas.

Sanda Ojiambo, CEO do Pacto Global da ONU, comenta sobre a necessidade de criar ambientes corporativos mais acolhedores para mulheres. A questão da maternidade, em sua opinião, é relevante porque muitas mulheres deixam o mercado de trabalho formal por dificuldades de conciliar o trabalho com os afazeres domésticos e familiares. Também cita o fato de não haver grandes incentivos para mulheres seguirem carreiras de finanças, matemática, ciências e outras exatas.

À frente do Pacto Global da ONU, Ojiambo tem a missão de incentivar as empresas a se engajarem na agenda. Ela concorda que o ESG é apenas um framework desenhado para ajudar as empresas a cumprir suas ambições de sustentabilidade. Mas não adiantam se as empresas não tiverem tais ambições e propósitos.

“Eu acho que os frameworks são importantes, ter fundamentos e princípios são importantes, mas é preciso perguntar o que os negócios estão fazendo na prática, qual a materialidade de suas ações e quais as suas ambições. Passar do papel para ação é uma questão de ambição das companhias. Os ODSs [Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da ONU] precisam estar na estratégia do negócio, estar nas discussões do conselho de administração, na alocação do capital e financiamento”, diz.

Ojiambo reforça que os negócios precisam endereçar o problema da desigualdade social. Isso passa, por exemplo, por produzir e oferecer no mercado produtos de qualidade e com preços acessíveis às pessoas. Outro tópico mandatório na opinião dela é a agenda anticorrupção no ambiente corporativo. A agenda de sustentabilidade, em sua opinião, passa por compliance, transparência e reporte de informações.

Fonte:

Naiara Bertão
Valor

 

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